Campeonato Brasileiro de Motonáutica dos anos 80
- guerreirotati
- 4 de dez. de 2014
- 3 min de leitura
Oie,
O assunto hoje é pra aquela galera das antigas! hahaha
Trouxe um relato muito interessante e engraçado sobre um Campeonato Brasileiro de catamarãs dos anos 80. Quem contou foi um amigo muito querido da minha família, o Fabio Tocchini. Ele praticava o esporte há alguns anos e veio explicar um pouco sobre o assunto.
Olhem só!


"As fotos são dos anos 80, Campeonato Brasileiro de Motonáutica, estas especificamente na Represa Billings em São Bernardo do Campo. A categoria era denominada ON Catamarã que a mídia considerava a Fórmula 1 dos barcos de competição.
Os barcos eram importados dos EUA, os motores em sua maioria eram Mercurys com potência estimada em 350 HP, que para a época eram “inacreditáveis”!!!
As velocidades médias eram próximas a 110 MPH, circuitos ovais, muita adrenalina! Já que o único “socorro” que dispúnhamos era uma velha ambulância à margem da represa com um enfermeiro que possivelmente não sabia nadar!
As equipes eram compostas por empresários bem sucedidos e empresas que tinham seus diretores à motonáutica como paixão; Lalo Corbeta, Ademar Cardoso, Tony Santo Mauro eram os principais protagonistas de disputas que extrapolavam a água...
Eu era piloto contratado pela equipe Motolux, Mappin, Mercury, nosso time contava com três barcos: o patrão, seu sobrinho e eu. Raras vezes recebia a seguinte instrução e já famosa frase: “traga o brinquedo para casa!". Seria como "mantenha sua posição e termine a corrida nesta posição!!!"
Com barcos avaliados em mais de 100 mil dólares, trinta anos de idade e sonho de pilotar um Fórmula 1 das águas, obedecia sem porém, mostrar meu lado rebelde. Ou seja, deixava para obedecer à orientação na última volta...
A Gazeta Esportiva fazia uma cobertura muito boa, já que não tínhamos Internet e o único meio de comunicação era o jornal.
A verdade era: o gaúcho Lalo Corbeta, com sua competência e equipamento bem acertado, foi o campeão durante vários anos. Numa “briga” pessoal com outro bem sucedido empresário, Ademar Cardoso, nos relegava a uma briga pelo pódio! Conseguimos algumas vitórias, mas tínhamos que contar com alguma sorte.
Para terem uma ideia da sofisticação da competição, a equipe de Lalo Corbeta, era composta de mecânicos argentinos da Mercury, motores preparados diretamente na fábrica e acreditem se quiser, antes da largada um anemômetro (aparelho que mede a velocidade do vento), era utilizado para medir a velocidade e altura das ondas para definir a hélice a ser utilizada. Esta hélice viria a ser colocada no motor com o barco já na água e envolvida em um saquinho de veludo preto para que ninguém a visse antes da corrida...
De minha parte a única surpresa era a gasolina a ser utilizada, não a “Azul” como chamavam, mas a “Branca”, de avião, que conseguíamos em um hangar no Campo de Marte subornando um funcionário no Hangar Fontoura! Ele era conhecido como Engov.
Outra categoria menos glamurosa, mas não menos competitiva chamava-se Força Livre. Com barcos denominados três pontos, onde apenas três pontos tinham contato com a água, dois pontos no casco e a hélice; enormes motores V8 com preparação livre e já que não tínhamos injeção direta, se utilizava carburadores que nestes barcos se podia contar por dúzias!
Verdadeiras cadeiras elétricas, pois eram barcos artesanais, com motores e escapamentos expostos bem a frente do piloto que em muitas ocasiões, nas curvas, eram ejetados dos bancos.
Lembro-me de um fato único... O barco madrinha (barco com os juízes que vão à frente) já estava na água com os competidores da categoria Força Livre se alinhando para a largada. Ao meu lado, ainda em terra, o barco do brilhante advogado Ricardo Magnani que só corria após uns tragos de conhaque. Seu motor não pegava e ele perguntou para mim: "Tocchini, você tem um pouco de gasolina para jogar nos carburadores?". Meus mecânicos responderam que não e ele não teve dúvida, gritou: "Joga esta porcaria aí dentro!". Era o conhaque! E para o espanto de todos, o motor começou a roncar forte, foi para a água e venceu a corrida!
Outra briga pessoal desta categoria foi quando dois pilotos ignoraram o circuito e na reta oposta ao público, lado a lado não fizeram nenhuma boia e foram retos até o fim da represa!
Enfim, durante anos viajamos pelo Brasil participando de gravações, como a abertura da novela Final Feliz. Tentamos fazer uma prova na Argentina e ficamos todos “presos” na fronteira, são histórias entre outras tantas e amizades que jamais serão esquecidas...
Abs a todos,
Fabio Tocchini "

Legal né? Eu adorei as histórias e adoraria ler mais relatos como esses. Quem tiver algum interessante pode me enviar! Não conhecia muito sobre esse tipo de competição então foi mais um check pra minha lista de curiosidades náuticas.

Gostaria de agradecer ao Fabio Tocchini pela participação. Sempre muito legal ter amigos assim.
Beijos,
Tati
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